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SOBRE MEDO

  • nayrallima
  • 21 de fev. de 2017
  • 5 min de leitura

Quando eu e minha irmã éramos crianças, adorávamos ir para a casa das minhas primas brincar. A hora passava e sempre ouvíamos a voz da minha mãe chamando no portão para irmos embora. Sempre rolava um " nestante mãe". Brincávamos de tantas coisas, por exemplo, boca de forno era a minha preferida, mas tinha também pega-pega, chicotinho queimou, pega bandeira, eram muitas brincadeiras, incontáveis na verdade, se for pra colocar aqui, você certamente cansará de tanto ler. Eu lembro que uma vez decidimos brincar dentro de casa, e naquele dia estava uma tia das minhas primas por lá, ela era mais velha, então nos chamou, e começou a contar histórias de terror sobre boneca, barbie, urso. Eu tinha uns seis a sete anos, mas lembro perfeitamente de cada palavra que ela usou. Eu tomei tudo como verdade - ela não sabe como aquelas histórias foram prejudiciais pra minha infância.

Separei minhas bonecas e dei para minhas primas, as que sobraram, eu colocava no quarto da minha mãe, para elas (bonecas) não terem acesso algum em minha cama durante a noite. Foi um processo árduo, eu morria de medo, de verdade. Enquanto outras crianças adoravam ter o quarto cheio de bonecas, eu e minha irmã preferíamos deixa-las longe da gente.

O tempo passou, e hoje eu ainda tenho certo receio. Prefiro distância, não tenho afinidade alguma. O tempo também costuma hierarquizar nossos medos. Aos sete anos eu tremia de medo de bonecas, hoje, os medos são outros, não infantis, mas, medos de adultos.

É incrível que, quando o tempo vai passando, muita coisa dentro da gente muda. Vamos construindo prioridades, descartamos o que não acrescenta, encaixamos o que talvez nos fará bem. Esquecemo-nos de muitas coisas no caminho, e mesmo assim, seguimos em busca do que queremos, pra no final sermos felizes.

Durante esse percurso, muitas coisas acontecem. Pra quem está terminando o ensino médio por exemplo, é o medo de não passar no vestibular; para o estudante universitário, o receio de não encontrar emprego quando se formar; para a mãe que trabalha o dia todo, a preocupação de como seus filhos estão sendo educados por terceiros; para os noivos, a ansiedade na preparação da cerimônia de casamento; para o término do namoro, a preocupação em cicatrizar; para os jovens da periferia, a falta de oportunidade; para o medo emocional, a incerteza da cura; sobre decidir algo, a dúvida se é a escolha certa...

Falta muita coisa, eu sei. Se você se identificou, ou conseguiu identificar pelo menos uma pessoa, tenha certeza que você/ela não são um caso isolado. Percebe como nossos medos são separados por categorias? E que, geralmente não temos só um tipo de medo, mas temos vários deles? Você já se perguntou se isso é comum? Digo, comum mesmo. Acostumar com seus medos, domestica-los, e não ter a rigidez de expulsa-los de sua vida?

Sentir medo, diferente do que falam por aí, não pode se tornar um hábito corriqueiro em nós.

Geralmente escrevo sobre minhas emoções, o que vivo, assim, consigo ter um olhar mais aguçado, empatia para o assunto. Por exemplo, percebo que muitas pessoas estão fadadas de medos, sobrecarregadas, a ponto de dormir e acordar pensando neles. Sem se alimentar direito, doentes por dentro porque não conseguem se curar, e o medo evidencia diariamente suas ferramentas, é justamente essa lógica de fraqueza, de não enxergar um palmo à frente do nariz, das impossibilidades.

Embora o medo exista, esse sentimento não pode encontrar espaço e conforto em nós. Mas se eu sentir muito medo, eu serei uma fracassada? Não! Claro que não. Estamos sobre uma construção social que (procura) ditar nossos próximos passos, contudo, não estamos alicerçados nela. Vivemos essas aflições, porque estamos neste mundo, mas essas aflições não permanecerão em nós pra sempre, tampouco nos pertence. Temos a certeza de um lar eternal, que nos poupará dessas dores insuportáveis. É importante o olhar sensível para a situação, procurar ajuda com um profissional da área é um excelente passo, como também, nos amigos. As amizades são recursos que o Senhor nos dá, se abra, chore, conte. Não tenha medo de dividir a carga com quem tem maturidade pra te ouvir e te ajudar.

O Senhor nos chama a sermos fortes e pelejarmos contra sentimentos que querem dominar nosso coração. “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.” E mesmo quando acharmos que o coração está dilacerado, Cristo nos prova que os nossos sentimentos estão seguros nEle “ E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4 : 6-7) percebe que esse versículo é condicional? Precisamos estar tranquilos para que essa mudança aconteça dentro de nós. E termos a certeza que mesmo diante de frustrações, o Senhor está conosco, temos a quem recorrer.

Quando criança, eu tive atitude de pegar minhas bonecas e dar para minhas primas. Nossos medos de crianças ficaram lá atrás, mesmo frágeis, conseguimos detê-los. {Caso você ainda tenha algum medo de infância, algum trauma, feridas que te impeçam de seguir, eu ouso a convidar você, com todas tuas dificuldades, a encontrar uma caixa (simbólica) depositar todos esses medos e jogar fora, e a partir de hoje ser livre, em nome de Jesus!}.

A verdade é que crescemos, e precisamos encontrar um lugar para descartarmos nossos medos de hoje. Descartar medos é um exercício diário, não pense que jogando fora o de hoje, amanhã “a barra estará limpa”, engana-se. Todos os dias precisamos deter um medo, uma ansiedade e tudo que você já sabe, porque nesta vida ninguém está isento das aflições. Vale lembrar que “Qualquer coisa que nos faça precisar de Deus é uma benção” (Nancy DeMoss Wolgemuth) e se precisamos dEle, inclusive para sermos livres dos nossos medos, podemos reconhecer que estamos afogados em sua abundante graça.

"Qualquer coisa que nos faça precisar de Deus é uma benção"

Se você estudar, conseguirá uma aprovação no vestibular; Universitário, se dedique durante o período acadêmico (não demasiadamente), você verá um resultado positivo lá na frente; Mãe e pai, seus filhos estão guardados enquanto você trabalha – cobertos com o bálsamo do Espírito Santo, descansa o coração; Noivos, o casamento de vocês vai ser lindo, a ansiedade incomoda mesmo, mas lembre-se de quem projetou tudo, Ele cuida também; Moça e Moço, as feridas “parecem” que não vão cicatrizar pelo término do namoro. Ainda que demore um tempo, você vai ficar bem, o meu Deus é especialista em restauração ; Jovem que mora na periferia, eu sei que o sistema quer limitar a capacidade da gente, mas podemos tudo, tudo mesmo, somos falcões, enquanto nossas asas estão intactas, podemos ousar o primeiro voo; As dores emocionais também têm cura, essa crise depressiva, esse tempo ruim que passa pela vida da gente, só passa mesmo, ele não vai permanecer, acredite, não vai; Embora seja difícil decidir algumas coisas, lembre-se que não é o fim do mundo, “depois da curva sempre tem um céu azul, sem tempestade”.

“No entanto, era o nosso sofrimento que Ele estava carregando, era a nossa dor que Ele estava suportando. Nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Ele estava sendo castigado, maltratado e ferido. Porém Ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu” {Isaias 53: 4-5}

"o medo se vai, quando ouço a voz do alto a me dizer, sê valente"

https://www.youtube.com/watch?v=QGNsLtOa3Uo (link da música)

Com amor,

Nayra Lima


 
 
 

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